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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Moda comunicação e linguagem

[...] O delinear do corpo pela vestimenta, tanto como o construir da roupa pelo corpo, é uma criação de linguagens que articula dois sistemas autônomos: o corpo e a roupa. A roupa desenha o corpo assim como todo corpo é desenhado pela roupa. Essas duas construções, enlaçando dois sistemas de expressão, são regidas pela moda ou pelas modas, uma vez que é numa complexa pluralidade que esta existe na atualidade. A moda pode assim ser vista como uma historia de posicionamentos das configurações da roupa tanto quanto das do corpo. [...]
[...] Esse sujeito é um ser que quer ser todos, numa busca de auto experimentação ilimitada, cujo alvo é se encontrar consigo mesmo. Na sua multiplicidade de aparências, esse ser se translada a todas as espocas, até transfigurando o seu próprio corpo, que também diversificadas suas outridades, uma vez que se tornou possível hoje concretizar a mobilidade das aparências não só pelas roupas, mas também pelas transformações cirúrgicas do corpo [...]. [...] Um gosto que se discute, justificando a própria voga de uma individualidade, que o sujeito coletivo da atualidade parece poder resgatar, convidado que é a descobri-la como uma possibilidade que ele pode ter acesso, sobretudo, pela experimentação de si mesmo como outro. [...]
[...] corpo não é mero suporte ou veículo da roupa, ele é um dos seus constituintes também [...][...] potencializando e dando formas as construções singulares de discursos que se efetuam por meio da conjunção da plasticidade do corpo e a da moda. [...]
[...] A moda pode ser entendida como a expressão de um conteúdo e, assim, ela pode ser lida como um texto, que, por sua vez, veicula um discurso. E o corpo, da mesma maneira, também é a expressão de um conteúdo, isto é, um texto que veicula um discurso. Juntos moda e corpo formam a unicidade textual que sustenta um conteúdo ou, como se disse, um determinado discurso. [...]
[...] Varias sociedades humanas, mesmo viventes ainda hoje, desconhecem por completo a “roupa”. Acrescentamos, porém, que nenhuma dessas sociedades, por sua vez ignoram a arte de se adornar.  [...]
[...] nesse percurso, passamos a entender o corpo como suporte da moda, mas não apenas isso: o corpo também se mostra por meio de uma plástica, que, aliás, interfere na própria plástica da moda. Assim, estabelecemos a hipótese de que o corpo e traje se imbricam de modo a significar conjuntamente um discurso. [...]
[...] A associação entre corpo, gestualidade e os elementos de decoração e vestuário estabelecem interações diversas em vários níveis de posicionamento e de reconhecimento social que permitem ao ser humano expressar-se amplamente nas manifestações discursivas que o estão presentes em seu contexto social. [...] [...] Ao longo da historia do traje, o próprio corpo “torce-se”, “estica-se”, “alarga-se”, “puxa-se” e “forma-se” em função do tipo de revestimento e de estruturação que o traje lhe oferece. [...] [...] como suporte, é o corpo um sujeito passivo que se deixa dominar por outro mais “poderoso” – e que desempenha o papel de um sujeito ativo – a moda? Ou, ao contrario, o corpo impõe-se e é “ouvido” ao ser vestido/ornamentado pela moda? [...]
(trechos livro: Moda e linguagem Kathia Castilho)

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